Eu gosto da idéia de encontrar pessoas e não apenas ter compromissos ou reuniões. Essa é grande diferença desse espaço. Agora, tenho que confessar uma coisa: embora a noite do México tenha sido interessante, faltou uma coisa, o vinho. A bebida de coloração púrpura ou violácea (ou mesmo esverdeada cristalina no caso dos brancos) é, de fato, a bebida mais adequada quando pensamos em encontrar pessoas e enveredar por debates acalorados sobre a existência da vida em outros planetas, ou mesmo reles temas cotidianos como futebol, política e romances ligeiros. Afinal, em todos os grupos (talvez exceto os ingleses) as conversas regadas a vinho sempre terminam em conversas interessantes embora muitas vezes tenhamos dificuldade em lembrá-las. Mas não vamos perder o foco.
Uma das idéias desse blog é criar um espaço para conversar com antigos e novos amigos sobre as boas coisas da vida: gastronomia, vinhos (embora outros fermentados e até destilados também estejam na lista). E o desafio era pensar em criar um lugar para trocar informações sobre boas receitas e bons vinhos que não sejam de alto custo. Pois bem. O blog representa apenas um receptáculo universal em busca de boa comida, bons vinhos e, sobretudo, que valorize a boa companhia.

Hoje a
idéia e descobrir um prato Peruano com muitas
brasilianadas, o
ceviche. Para acompanhar escolhi um vinho Chileno Missiones
Sauvignon Blanc 2005 (em torno de R$27,00 no Zona Sul). De fato a escolha de um vinho do país vizinho pode acirrar o ciúme nos Peruanos que ficam bravos com a popularização da
idéia de que o Chile é o verdadeiro “inventor” do c
eviche. Até o Pisco
Sauer que também é Peruano passou a ser conhecido como uma bebida Chilena. Parece que popularidade dos vinhos do Chile arrebatou para eles todas as qualidades da culinária da região.
O
ceviche é um excelente prato a base de peixe “cozido” no limão que serve muito bem de entrada ou mesmo como um pratinho principal leve. Vamos à receita: pode-se escolher qualquer peixe: branco, atum, ou salmão, embora eu prefira o último (300g) que devem ser
fatiados como para um
sushi, acomodados em uma vasilha e banhados no suco de 2-3
limões taiti grandes (o suficiente para cobrir todas as camadas). Deixe o salmão cozinhando por 30 minutos. Paralelamente, coloque 2 batatas médias sem casca para cozinhar em pedaços
heterogêneos. Prepare o molho com 2 tomates sem caroços em pedaços pequenos, coentro e cebolinha
cortadinha bem fina e ½ cebola grande processada. Descarte o limão do salmão e
fatie-o mais um pouco, misture com a batata cozida, e adicione o molho. Tempere com
Shoyu (4 colheres), suco de ½ limão e 4 colheres de azeite. Adicione pimenta a gosto. Misture bem. Pode ser armazenado por 30
min - 1h na geladeira. Salpique com algumas castanhas de caju para decorar e está pronto. Para servir utilize folhas de alface americana ou
endívias. O vinho é bom e acompanhou bem o
ceviche. Servido gelado (em torno de 10
oC) é leve e não agride o paladar ácido da mistura de limão com
Shoyu.
Eu ainda não mencionei, mas embora me considere grande admirador de vinhos não sou chato. Portanto não esperem sessões explicativas sobre
bouquet rico em frutas cítricas (ou vermelhas quando falarmos de tintos), ou sobre a textura do vinho. Na verdade o que é a textura do vinho?! Sempre achei que vinho fosse líquido... Claro que outras características físico-
químicas também podem ser percebidas (
adstringência, graduação alcoólica, etc). De qualquer forma não repreendo os “
enos”. Pode ser divertido tentar perceber
aniz, pimenta ou uma caixa de charutos usando
olfato ou paladar. Eu simplesmente não acho que esse deva ser o ponto principal. Independentes disso, obviamente os vinhos são bons ou ruins, às vezes, são medíocres, regulares, mas podem chegar ao outro extremo: excelentes.
Muito bem, como a
idéia geral é comer e beber bem, experimentem a sugestão: o
ceviche com vinho branco é um grande encontro.